Esta crítica não contém spoilers dessa obra que defino como "Melancólico, Aterrorizante, Depravado e Genial"
Uau, fui assistir Coringa, e terráqueos, acreditem quando eu falo, Coringa ainda vai dar o que falar. Mas vamos falar sobre o filme primeiro.
A obra é incrível, a fotografia do filme chama muito a atenção, uma Gotham City nos anos 80 com pobreza visível, problemas de uma cidade grande onde os ricos pensam neles e os pobres estão nas ruas tentando ganhar dinheiro para se tornarem ricos. Tons pastéis dignos de filmes dessa época, como os que a crítica compara.
A trilha sonora é algo a parte que precisa ser mencionada em uma crítica desse filme, pois leva o telespectador do fundo da depressão ao êxtase do riso, passando por temas melancólicos, agressivos, assustadores, alegres e tudo isso em um filme, é uma grande e importante parte da obra, realmente chamou muito a atenção.
O enredo do filme é incrível, a passagem entre a realidade de Arthur e o que ele imagina é surpreendente, as fugas da realidade de uma triste vida depressiva de um comediante sem graça com um distúrbio que o faz rir em momentos inoportunos, para momentos gloriosos nos quais o personagem consegue o que quer. Quando descobrimos o que realmente aconteceu é um baque que simplesmente nos deixa de queixo caído, o roteiro é muito bem escrito e a edição e transição de cena estão muito bem feitas.
A atuação de Joaquin Phoenix é passiva de aplausos, como aconteceu no Festival de Toronto, ele faz com que os outros personagens pareçam apenas coadjuvantes em um monólogo de psicose e suspense com terror psicológico que te abraça no enredo e faz com que seus olhos não desgrudem em nenhum momento da tela para saber o que vai acontecer ou o que é real ou não.
Uma obra de arte passiva de indicações ao Oscar, realmente, com um peso social muito interessante, pois como muitos falam, a DC não falou nada sobre a violência, não postou repúdio às cenas violentas do filme. Porém nós sabemos que a realidade de hoje é exatamente a mesma da de Gotham dos anos 80 que mostra no filme.
A depravação doentia da mente humana, em um sistema onde eu falo o que é certo e o que é errado, me faz fazer o que eu quiser, sem pensar nas consequências dos meus atos, pois não existem, e se existirem, a punição é mínima, algo como alguns dias em Arkham até fugir e começar tudo de novo. É um filme que nos faz pensar sobre como somos ruins e como achamos graça na desgraça da sociedade. Como não temos senso de justiça correto, como precisamos de uma figura que nos dê aval para fazermos o que quisermos.
Assim como nas Escrituras Sagradas vemos que o povo que acompanhava Moisés no deserto, ficou um tempo curto sem seu guia e sem comunicação com seu Deus, já fizeram um bezerro de ouro para o adorarem, começaram a querer fazer o que queriam, afinal de contas, não existia uma figura superior para ditar as regras, logo, podemos criar um ídolo e ditar nossas próprias regras, com a política de que essas regras agradam ao ídolo criado.
O Criador de tudo é descrito como Bom, Ele é a bondade, a falta dEle significa a depravação da maldade, e é exatamente isso que vemos no filme, Arthur Fleck sendo desenvolvido de um ser humano que se sente um nada, para um bezerro de ouro, semideus do crime de Gotham, que inspira a loucura e acha beleza no caos.
Não é um filme de herói, não é um filme família, é censura R, com violência explícita e muita insanidade. Respeite a classificação indicativa e lembre-se “É um filme, por mais real que pareça, é uma obra de entretenimento”.
LEIA MAIS SOBRE: