Então eu terminei a primeira temporada da nova série brasileira da Netflix, Cidade Invisível, que segue a história de um homem que perde sua esposa em um misterioso incêndio e acaba se envolvendo com lendas urbanas e entidades espirituais que, para muitos, são apenas mitos e histórias para contar para as crianças.
Somos apresentados a muitas lendas, como o Boto cor-de-rosa, Iara, Saci, Tutu Marambá, Corpo-Seco, Curupira e Cuca, todos com seus corpos humanos e poderes sobrenaturais que conhecemos através dos livros das lendas urbanas e folclore brasileiro, é uma trama bem interessante, com um leve toque de Grimm e Supernatural.
A fotografia da série é legal, cenários de cidade, ocupações, florestas e interiores de estabelecimentos padrão, porém bem caracterizados. Um dos pontos altos da série é a trilha sonora e a edição de áudio, as trilhas são bem sinistras, mesmo que sejam, muitas vezes, cantigas sobre as lendas, aparentam sempre carregar aquele ar de feitiço sendo feito. O áudio é bem interessante também, as vozes no fundo, os efeitos sonoros estão muito bem colocados e se você usa fone, existe até um pouco de experiência 3D no som.
Os personagens estão bem caracterizados, mesmo que algumas lendas tenham mudado um pouco e o diretor explica que isso foi para adaptação da obra para as telas e a trama é interessante, não é algo que surpreenda com muitos segredos, mas também, não é clichê, o que deixa a temporada bem interessante, embora seja uma meia temporada com apenas sete episódios, creio que a Netflix pode explorar muito mais lendas urbanas brasileiras nessa série e pode ser que tenhamos um Supernatural BR.
Alguns pontos me chamam a atenção nessa série, a trama mostra a origem de alguns dos personagens que conhecemos no decorrer dos episódios, e o que é interessante aqui é que as lendas são criadas, ou nascidas, através de um evento traumático terrível que resulta na morte de uma pessoa, que tem como impulso a proteção de algo ou alguém e, assim, revive como uma lenda, ou uma entidade espiritual.
Esse despertar é muito comum para aqueles que já tem o entendimento do mundo espiritual, que achamos nas Escrituras Sagradas do Cristianismo, pois nós temos esse despertar, após conhecer a Cristo, e quando fazemos o ato público de entrega de nossas vidas a Ele, ou seja, o batismo, estamos morrendo para as vontades da carne e ganhando um sopro de vida vindo de Deus, que nos desperta para a realidade espiritual, assim como as lendas, isso pode acontecer depois de eventos traumáticos e drásticos em nossas vidas.
Outro ponto muito interessante da trama é o arco do Curupira, que, assim como Luke Skywalker no filme Os Últimos Jedi, desiste de ser uma lenda e resolve viver em uma cadeira de rodas ao redor dos humanos e longe da sua mata, negando o propósito da sua vida que é proteger a floresta dos humanos que querem a destruir.
Fazendo um pequeno paralelo com nossas vidas, já percebeu que muitas coisas acontecem para que nós aceitemos nosso chamado e realmente acordemos para a vida a ponto de cumprir nosso chamado? Pois é isso que eu notei muito nessa série, as vezes temos propostas boas para mudar e, muitas vezes parecem ser muito perfeitas, mas será que elas não nos tirariam do foco do propósito de Deus com a obrigação de focar em outras coisas que consumirão nosso tempo e nossas energias, nos deixando extremamente cansados para exercer nosso papel como filhos de Deus? Ou até mesmo propostas horríveis que temos que encarar, exageradamente exaustivas a ponto de nos fazer desistir de tudo?
O nosso foco precisa se manter em Cristo, Ele é nosso foco e nossas escolhas devem ser as mesmas que as dEle. Então o que devemos fazer é o que o Curupira e as lendas fizeram, aceitar quem somos, para que isso possa refletir no que fazemos e como fazemos.