Existia uma grande dúvida no ar, que era: Como fazer um filme do Pantera Negra sem o protagonista, pois Chadwick Boseman nos deixou muito cedo e foi encontrar seus ancestrais, assim como o personagem, no filme, que não é novidade para ninguém, que também iria falecer e sair da trama do filme. 

Bom, essa questão é respondida de forma competente e homenageia o ator, logo nos primeiros minutos de filme (e haja minuto de filme, pois são 2h40 de filme). Pois o personagem é homenageado do começo ao fim do filme, juntamente com uma explicação excelente para a saída do ator do elenco do longa, ainda servindo como uma homenagem ao ator que viveu o icônico Pantera Negra.

O filme tem uma fotografia muito bonita e deslumbrante, pois, tanto Wakanda, como Talocan são cidades incrivelmente bem construídas, bem editadas e são imaginárias, logo, deslumbra a todos que assistem ao filme. A trilha sonora é muito bonita, inclusive a música da Rihanna é muito bem colocada na cena que toca e marca a volta da cantora com grande estilo, depois de uma pausa na feitura de canções de sucesso.

Os personagens são bem feitos, o filme, como o primeiro Pantera Negra, eleva o nível de representatividade, que é tão criticada por alguns, o protagonismo feminino é bem colocado e bem representado com personagens fortes, vivas e que brilham por si só, sem esforço algum, as mulheres de Pantera Negra: Wakanda Para Sempre merecem todo o espaço que conquistaram no MCU e mais. Não apenas isso, mas o filme nos apresenta um vilão que há tempos não tínhamos, um vilão para chamarmos de malvado de verdade. 

Namor é apresentado como um mutante aquático que tem ligação com Vibranium e odeia com todas as suas forças a todos do mundo da superfície. Protege a quem ele ama e seus objetivos pessoais estão acima de tudo e de todos, com ambição e sede por vingança e sangue, não mede esforços para conseguir o que quer, mesmo que isso exija tomar decisões que parecem uma redenção, mas no fundo, possuem uma intenção má. O que surpreende também, pois estávamos caminhando em uma trilha de redenção e justificativas de vilões que não eram vilões de verdade e sim, pessoas incompreendidas, o fato de termos alguém mau em tela é revigorante para quem gosta de quadrinhos e sabe que a luta entre o bem e o mal é o que dita a ação do arco.

Assim como o primeiro longa de Pantera Negra, que inclusive foi algo que escrevi aqui, é um filme de passagem. Passagem de tempo, de fases, de gerações, pois temos uma geração inteira de Vingadores que estão vivos em nossas memórias e novos Vingadores que precisam se posicionar tomando o lugar dos antigos, de forma agradável e que conquiste os fãs novos e velhos, uma missão quase impossível, pois sabemos que existe muita gente chata no mundo, não é mesmo? hehe… Mas alguns já tem um lugarzinho em nosso coração, por exemplo a Shuri, uma personagem que precisava estar nesse filme e merecia o lugar que conquistou, ou até a Nakia e Okoye que também brilharam muito.

O filme tem muitas referências às outras produções e tem um enredo bem fluído e não corrido, o que também me agradou muito, visto que as últimas produções do MCU foram muito corridas, cheia de acontecimentos e aparentemente pensadas para quem não fica mais de 15 segundos em um vídeo, com inúmeras cenas para chamar a atenção do público, Pantera Negra: Wakanda Para Sempre vem como um refúgio que honra as produções das primeiras fases do MCU, mesmo que use de todos os artifícios de cenas que estão em alta, como abuso de câmera lenta, muita CGI, cenas de lutas coreografadas, enfim, é um filme que precisa apresentar muita coisa nova e o faz muito bem, não precisando correr com o enredo para terminar o filme, até mesmo pensando que é um filme de passagem, eles não poderiam finalizar um arco assim sem deixar várias pontas para serem concluídas posteriormente. 

Obviamente não é um filme perfeito, pois isso é utopia, claro que realmente é um filme que dividiu muitas opiniões, mas creio que, em um cenário no qual estamos vivendo, esse longa é muito bem colocado e muito bem feito. Um grande detalhe do filme é que, assim como as últimas produções do MCU, não é um filme de herói e também não é um filme de vilão…. Pantera Negra: Wakanda Para Sempre é um filme emocional sobre família, luto e valores que regem um povo e um coração em dúvidas. O que, para mim, foi um dos auges do filme, o caminho traçado por Shuri, todas as suas ações, decisões, falas, são regidas por uma briga extrema entre Razão, Emoção e Fé. 

Para quem tem um mínimo de conhecimento das Escrituras Sagradas, podemos falar que Shuri estava em um deserto de dúvidas e carregando um fardo enorme que não era dela, assim como acontece em nossas vidas, por isso, é um filme que emociona muito e, inclusive, nos dá um sentimento de empatia e identificação nas personagens que estão em tela, M’Baku sendo mais razoável e menos impulsivo, jovens sendo mais sábios que anciãos, vilões que agem por pura maldade, um herói dividido entre o altruísmo e a vingança, famílias sendo destruídas em prol de um povo, entre outros pontos que podemos discutir em alguns artigos. 

Recomendo muito esse filme, mas saiba que, como mencionei anteriormente, não é um filme de super-herói e sim, um filme sobre luto, amor, família e o peso que isso causa na maturidade de alguém. 

Seja sempre um Terráqueo com Mentalidade Celestial!!!