É uma verdade que sempre temos a tendência de comparar obras entre si, principalmente quando são releituras, remakes, refilmagens ou sequências. Porém é sempre bom relembrar que temos que analisar um filme por si só, principalmente o Snyder Cut da Liga da Justiça, que a princípio era para ser o filme original, mas Zack Snyder precisou se afastar da produção devido à morte de sua filha, então a Warner contratou Joss Whedon, que é um bom diretor e participou de grandes produções, como Vingadores: A Era de Ultron, para continuar a obra, resultando em um filme diferentes do que foi planejado inicialmente.
E com a chegada da versão de Zack Snyder chegando, não há como negar que há e haverá comparações das duas versões, há quem diga que a versão original de 2017 seja melhor e há quem diga que a versão de Zack Snyder seja muito melhor.
Em um primeiro momento, o filme até assusta, pois não estamos mais acostumados com filmes longos que até gera memes de “maratonar” filmes com quatro horas de duração, mas como bons nerds que assistiram a trilogia do Senhor dos Anéis nas versões extendidas, o Snyder Cut não assusta nem um pouco.
Falando um pouco sobre o enredo, não foge muito do original, pois, com a morte de Superman, o Lobo da Estepe é atraído para a Terra, onde estão as Caixas Maternas, artefatos com imenso poder, que quando unidas e sincronizadas, podem abrir um portal para que Darkseid venha e molde uma cópia de Apokolips, seu mundo do caos.
Para derrotá-lo, Batman é movido pela palavra que deu a Superman, antes de sua partida, decide juntar os seres mais poderosos do planeta a fim de defender a terra da ameaça e da guerra que é iminente e está a ponto de chegar. Então vai atrás da Mulher-Maravilha, the Flash, Ciborgue e Aquaman, que, a princípio não estão alinhados e nem juntos, mas com o tempo, vão unindo-se como um time para derrotar o avanço do Lobo da Estepe e seus parademônios, servos escravizados de Darkseid.
Obviamente não vou me aprofundar no enredo para não estragar a experiência cinematográfica de ninguém, mas a grande diferença entre as versões foi a profundidade das participações dos personagens do time da Liga, o enredo mais conciso e mais bem amarrado, o tom mais sério e mais DC e a referência aos quadrinhos. Pois vemos um Batman sendo realmente o Batman dos quadrinhos, um Ciborgue ultra poderoso e sendo parte relevante do enredo, um Flash com humor irônico, porém inteligente e não apenas um figurante bobo de alívio cômico, uma Mulher-Maravilha protagonista de inúmeras cenas importantes para a trama e tendo um papel relevante na trama e um Aquaman bem posicionado como herói e como ser poderoso que ele é.
Obviamente, vemos Superman em seu traje preto, mais forte que nunca e botando medo nos inimigos e nos amigos de uma forma que nunca vimos nos filmes da DC. A melhora do Lobo da Estepe também é um ponto muito interessante a ser colocado e, é claro, a participação do Coringa de Jared Leto no mundo Nightmare é um grande ápice da trama para um gancho para possíveis continuações.
Claro que sempre existirão as ressalvas, foi um filme feito em um período estranho no mundo, há falhas de computação gráfica, alguns efeitos são de "índole duvidosa” (se assim podemos brincar, hehe) pois vemos que claramente a pós-produção falhou um pouco aqui ou ali. Esse é o momento que vale a menção de um outro meme, o do Pica-pau passando pano e falando “ai ai esse Snyder, mas também, quem nunca viu uma CGI duvidosa em filmes”, o que é verdade, mas é algo que, ao mesmo tempo que é normal, não é algo esperado.
Como tudo na vida, uma coisa compensa outra, embora tenham alguns pontos duvidosos nos efeitos, o enredo, figurino, caracterização dos personagens e a honra de poder redimir uma obra que não foi muito bem aceita pelas críticas e pelo público é o que traz o mérito de um excelente filme.
Algo muito apropriado e interessante para esse filme é a palavra Redenção, temos a redenção do filme em si, temos o Superman que declara que acredita em segundas chances e acredita em redenções, temos o Batman agindo por Fé, para se redimir de tentar trabalhar sozinho e tentar unir os heróis, temos Ciborgue tentando se redimir depois de desistir da vida e de sua família, Flash se redimindo para seu pai e se tornando alguém entre os melhores dos melhores, Aquaman se redimindo como Protetor dos oceanos e híbrido rei que é.
O que nos faz pensar em nossa busca pela redenção constante, de nossos atos e escolhas, que nem sempre são corretas, buscando o perdão e tentando sempre acertar. Ver um filme que foi resgatado das “trevas cinematográficas” e trazido para a redenção nos traz o texto tirado das Escrituras Sagradas do Cristianismo, no livro de Colossenses, no capítulo 1 e verso 13 e 14, onde lemos “Pois ele nos resgatou do domínio das trevas e nos transportou para o Reino do seu Filho amado, em quem temos a redenção, a saber, o perdão dos pecados”.
E assim como Ciborgue, temos esse poder revelado a nós, o desafio não é agir ou deixar de agir, é ter as possibilidades e moldar nosso caráter para escolhermos bem quem seremos e assim, saberemos nossa identidade nEle, e a redenção que vem dEle será completa em nossas vidas!