A série Sandman chegou na Netflix e já ficou no topo do top 10 nacional, ou seja, muita gente está assistindo a adaptação das HQs de mesmo nome que contam com roteiro de Neil Gaiman, que já está acostumado a ter suas obras adaptadas para as telas.

A trama da série segue Morpheu, ou Sonho, um dos Perpétuos que são imortais e estão na Terra desde sua criação, cuidando de algum dos aspectos da vida, como Sonho, desejos, desesperos, morte entre outros. Porém, Sonho foi capturado por um grupo de humanos que queria ter a morte presa a fim de ter imortalidade, com isso, ele fica preso por anos e anos, e o mundo é assolado com a doença do sono, onde muitos dormem e não acordam, outros não dormem e outros são atormentados por sonhos ou pesadelos contínuos.

Enfim, Morpheu é libertado e passa a buscar seus artefatos, ou ferramentas, que contém parte de seu poder, seu rubi, sua areia e seu elmo, com isso, vemos o desenrolar de uma trama envolvente e repensada para série, deixando os ganchos nos momentos certos, a fim de ter episódios bem amarrados e a série passar sem o telespectador perceber o tempo investido na frente da tela. Juntamente com esse arco, temos o arco da Casa de Bonecas, onde vemos o Vórtice humano, uma menina que tem o poder de sonhar tão forte que é possível viajar nos sonhos de outras pessoas e até mesmo ir até a dimensão dos Sonhos, que está em reconstrução, devido a volta de Morpheu.


O primeiro destaque da série são os cenários e a fotografia da série, com um tom sério, com cenários exuberantes e bem adaptados, as diferentes dimensões são bem retratadas, assim como os personagens, cores, luminosidades e ambientações são bem feitas e refletem o tempo de preparação e roteiro de Neil Gaiman, que já escreveu os quadrinhos e adaptou muito bem para um cenário de série. 

Outro ponto bem positivo é a CGI da série, que, ao contrário do que estamos vendo em certos filmes e séries, aqui é muito bem feito, com interações entre live-action e CGI bem colocados e muito bem montados, destaque para Gregory, que é uma Gárgula simpática que tem um papel bem importante na trama, assim como os pesadelos que possuem propriedades sobre humanas, como Coríntio e seus olhos… Opa, sem spoiler né hehe

Voltando um pouco no quesito trama, queria ressaltar muito o quarto episódio da série, onde vemos um duelo entre Sonho e Lúcifer, até o ponto que Morpheus está quase sem vida, perecendo e declara que ele luta como ESPERANÇA e questiona Lúcifer sobre o que pode matar a esperança, em resposta, o líder do inferno declara sua derrota, pois nada pode matar a esperança e sabemos muito bem o porquê disso,não é mesmo, leitores das Escrituras Sagradas do Cristianismo, que por sinal é fonte de várias inspirações de referências na série, até mesmo para personagens, como Caim e Abel. 

A série também conta com uma incrível trilha sonora, que ajuda demais na imersão e na experiência de quem assiste a série, mesmo não conhecendo os quadrinhos, a trilha ajuda bastante na ambientação para poder apresentar os personagens, dimensões e definir o tom de cada cena e de cada tomada de decisão e o que isso impacta na trama e desfecho da primeira temporada, que terminou com um gancho muito interessante, pois a série já está renovada para uma segunda temporada. 

Outro ponto bem interessante da série é que ela traz um pensamento para quem a assiste, sobre o impacto dos sonhos na vida das pessoas, vemos como seria por exemplo um mundo onde todos somos completamente verdadeiros com os outros, ou até mesmo como seriam as respostas das pessoas que amamos, ao serem expostas aos nossos sonhos mais profundos e como os humanos são falsos e mentirosos e temos ainda um caminho bem longo para que possamos ser um povo que concorda em um pensamento para crescimento geral de uma nação, como um corpo. 

A série fala sobre amizade, fala sobre divindade, pincela traços de discussões sobre comportamento humano, sociedade, representatividade e traz a discussão do que move os humanos, o que realmente está intrínseco nos seres mortais que vivem na Terra, seus desejos, seus propósitos, seus sonhos, suas decisões tomadas em diferentes situações e o que isso pode afetar em outras dimensões. Assim como o que o “mundo espiritual” afeta na realidade dos seres humanos, o que os perpétuos podem fazer para afetar a realidade física e alterar a história de alguém ou da humanidade. 

Com 10 episódios, a primeira temporada te leva a todos esses pensamentos com uma intrigante trama e personagens envolventes, convergindo em uma temporada sólida que entrega o que promete e surpreende quem assiste, a prova disso é a colocação em primeiro lugar do top 10 nacional em menos de uma semana de lançamento na plataforma, reforçando mais ainda que uma série bem adaptada, não fere a sua obra original, mesmo que conte com algumas diferenças, mas sim, enriquece o universo da obra abrangendo um público novo com uma nova mídia.

É uma excelente série, porém, para poder recomendar, devo alertar que você deve ser um cristão realmente maduro em sua fé, ou seja, não ter cabeça fraca. Não deve sair pensando que a série reflete algum ponto da vida real, pois é uma obra de ficção e fantasia. Um erro muito comum dos cristãos, até mesmo dos nerds cristãos é pensar que uma obra de ficção, muito embora apresente lições de vida importantes, são representações da vida mesmo. Não, nem mesmo as parábolas de Jesus eram histórias reais, são contos que contém lições, não são rituais infernais, nem dogmas religiosos. 

Veja a série com isso em mente e não se esqueça, seja um Terráqueo com Mentalidade Celestial.